
Na Masmorra do Fausto - Coluna semanal no portal iGay.
Fausto Fardado comanda a coluna Masmorra do Fausto, no iGay e hoje irá falar sobre um ícone do mundo do fetiche gay e figura essencial do Leather
Talvez um dos maiores ícones quando se pensa na imagem de fetiche gay - e mesmo de estereótipos, libertação, militância e paradas internacionais do gênero - seja a imagem dos Leathermen.
Quem nunca viu em vídeos ou festinhas flashback a figura dançante e gay/máscula do motoqueiro da banda norte-americana funk-disco dos anos 70 Village People? Ou osLeathermen , aquele com o visual “radical” do gay másculo barbado, sádico, vândalo, todo em couro, usando quepe de motoqueiro, ou mesmo o bombado, tatuado e “carecão”, calças e arreios reluzentes, cara de gladiador mau com nádegas à mostra?
Talvez essas simples descrições sejam os estereótipos imagéticos mais ligados à cena Leathergay, muitas delas reais num certo sentido, conhecidas do público geral. Porém é importante sabermos que um estereótipo, como a própria palavra se propõe, apresenta algo estéril (estereótipo) e por vezes frágil e vazio. Uma visão reduzida de algo difundido, mas verdadeiramente pouco conhecido pelo público geral em sua proposta mais profunda.
A começar pela imagem proposta pelos seus membros, se existe algo que a NÃO define esse grupo, é esterilidade e muito menos fragilidade!
Ela tem um porquê histórico de sua existência nos meios LGBT, e uma profunda importância na reivindicação de espaço e produção de cultura para grupos gays masculinos na sociedade ocidental.
Como os Leathermen surgiram
Clubes de homens, sendo alguns membros desses grupos gays, já existiam, principalmente na costa oeste dos Estados Unidos, desde os anos 20 de forma mais discreta. Eles se reuniam para encontros e longas viagens regados a muita cerveja, usando quepes de couro, botas, calças, camisas e jaquetas de couro, e sob suas motocicletas.
A divulgação e o crescimento desses grupos nas grandes cidades americanas se deu efetivamente no final dos anos 40 e início dos anos 50. Bares como o Gold Coast e o internacionalmente famoso bar Eagle surgiram como locais especializados a um público que na época ficou conhecido como Leathermen. Eles também eram chamados pela imprensa local de “ Águias do Couro ” (uma alusão à águia utilizada como emblema nos quepes, como símbolo de sonho de liberdade e democracia norte-americana, masculinidade e virilidade caçadora).
Dentre os frequentadores, estavam homens gays e mulheres lésbicas, que socialmente queriam romper com o imaginário vigente na época, que em sua grande maioria entendia todo e qualquer gay como “afeminado”, ou adepto de padrões comportamentais considerados femininos.
Sendo assim, esses homens gays tinham como intenção legitimarem seus gostos e padrões de comportamentos masculinos. Para muitos, essa era uma atitude extrema, e assim esses grupos foram muitas vezes difundidos e entendidos erroneamente como associados a uma (Sub) Cultura Gay radical, violenta e fundamentalista.
Na verdade o comportamento Leather pode ser compreendido historicamente como parte integrante de toda uma Contra-Cultura surgida nos anos 50 e 60. Tratam-se de uma série de movimentos e propostas de estilo de vida que rompiam com os modelos sociais e de comportamento vigentes até o pós-guerra e que buscavam o estabelecimento de novos modelos sociais e a aceitação de minorias em contraposição à sociedade conservadora, sendo que os Leathermen contribuíram de forma criativa para a construção do legado imaginário e icônico gay. Para saber mais sobre fetiches e cultura Leather, clique aqui e acompanhe a coluna Masmorra do Fausto no iGay .
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