
Figuras 1 e 2 acima: máscaras e coleiras eram utilizadas como forma de humilhação e influenciaram o fetichismo atual
Na Masmorra do Fausto - Coluna semanal no portal iGay.
Fausto Fardado comanda a coluna Masmorra do Fausto, no iGay e hoje irá falar sobre um ícone do mundo do fetiche gay e figura essencial do Leather
Talvez um dos maiores ícones quando se pensa na imagem de fetiche gay - e mesmo de estereótipos, libertação, militância e paradas internacionais do gênero - seja a imagem dos Leathermen.
A coluna da semana passada apresentou as origens do fetichismo, relações de prazer e erotização e dos comportamentos de dominação e submissão ao longo da Antiguidade Clássica. Dando prosseguimento ao assunto, será apresentada a evolução destes comportamento ao longo da Idade Média.
Contexto do fetiche na Idade Média
Para contextualizarmos melhor o fetichismo , é importante lembrarmos que a Idade Média foi um período pós Antiguidade Clássica, ou seja, surgiu logo após a queda do império romano e foi marcada pelo advento cristianismo – que substituiu as religiões greco-romanas e as religiões pagãs - e pela instituição do feudalismo na Europa.
Neste período, apesar do domínio extremo imposto pela igreja à sociedade, relações fetichistas e de dominação e submissão encontraram seu contexto.
Não eram raros os casos de pessoas que em suas cidadelas medievais pediam para a igreja para serem flageladas em procissões. Elas diziam sublimar o sexo ao sentir êxtase divino acompanhados de prazer, júbilo e gozo por servir a causa da igreja. Ao serem flageladas publicamente, elas diziam reproduzir a paixão e sofrimento de Cristo, e através desta “punição” acreditavam purgar os males da sociedade. Este era considerado um ato santo.
Outra situação bastante peculiar no período eram os casos de pessoas que pediam para serem punidas fisicamente no lugar de ladrões, bandoleiros ou outros infratores. Justificavam que seu ato era um ato divino de redenção para com o outro. Quando o indulto era aceito, obviamente para estes casos específicos, os flagelos não eram letais, em alguns vilarejos podiam envolver jogos eróticos entre o algoz e o subjugado, e aquele que se submetia a tal era extremamente respeitado e humanamente admirado pelo seu vilarejo.
O ato era visto como sinal de extrema bondade, sacrifício humano. Os locais para realização de tais flagelos eram masmorras ou praças públicas e os instrumentos utilizados para tais fins eram geralmente máscaras de ferro com funções simbólicas diversificas, algemas, correntes, cintos de castidade, berços (sim, a pessoa era infantilizada, enfaixada e colocada dentro de um berço), longas tranças de palha usadas para moças que não eram mais virgens, jaulas ou sarcófagos onde a pessoa poderia passar longos períodos imobilizada.
Situações consensuais de dominação e submissão aconteciam também frequentemente dentro de monastérios e representavam a hierarquização dos mais velhos sobre os mais novos.
Paralelo a todo esse cenário, relações que envolviam dor e prazer também existiam no âmbito doméstico entre casais. Mas essas relações, ao contrário do fetichismo praticado em nome do poder vigente, era visto como paixão perversa, bruxaria vinda dos rituais pagãos da Antiguidade - mais precisamente dos ceutas, algo demoníaco, passível de pena de morte na fogueira da Inquisição.
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